quinta-feira, 30 de julho de 2009
Desabafo 2
clouds
Soft small pale white clouds
Sparse scattered across the sky
Just accentuate
The stark emptiness of the
Translucent turquoise blue sky.
heat
There reigns a cruel heat;
The sky is drearily blue,
Devoid of any clouds.
Thus vacant is now my heart,
Lacking in any object.
Espaço sideral.
Espaço sideral.
Infinito desprovido de substância, calor e luz.
Vácuo absoluto.
Temperatura a zero absoluto.
Negro absoluto.
O espaço sideral interestelar.
O espaço sideral interestelar.
Infinito vazio desprovido de substancia, de calor e até de luz.
Vácuo absoluto.
Temperatura a zero absoluto.
Negro absoluto.
I am haunted by many ghosts;
I am haunted by many ghosts;
And yet, sometimes,
Me myself I feel like I am a ghost.
Nobody sees me or knows I exist,
Nobody takes notice of me,
I am in general invisible;
Yet sometimes all too noticeable,
Capable to startle and cause fright;
Insubstantial in general
Yet all too present sometimes;
People can look right through me,
Then suddenly recoil.
I make no attachments with people,
And yet
Form connections with places,
So that over and over again
I go to such places to haunt them.
To people,
I am just a face in the crowd:
Invisible,
Unnoticeable,
Forgettable;
And so they are.
Except for those who are sensitive;
In those I cause strong impressions.
Adrift in the Sidereal space
Adrift in the
Sidereal space,
Lost in the
Space between the stars
Alone in the
Whole universe
Blinded by the
Absolute darkness,
Frozen by the
Absolute cold
Engulfed by the
Absolute void
I feel myself
Extended
Towards infinity
And
Dissipated
Towards nothingness
Sucked by the infinity
Absorbed by the void
Trying to encompass
The infinite void
The absolute cold
Leaches at
My vital warmth,
Drains me of my life
The absolute darkness
Denies me the awareness
Of the outside world,
Makes a mockery
Of my own existence
My little hawk
My little hawk
I would jess you
Put a hood over your head
Tie a rope to your talon
Train you to seek food
Only from me
And thus bind you to me
Oh my little hawk
But, my little hawk,
I would thus demean my soul
I would thus pervert your nature
I would rob us both of happiness
And the ties that would bind us
Would be but impure
So, my little hawk
I find that for both our sakes
I really have to let you fly free
And pray
My little hawk
Pray
Pray that
Every so often
Of your own accord
When you do so choose
You come to land in my perch
And, my little hawk
When that happens
I have to feed you with my love
And delight in the radiance of your presence
So
Fly
My little hawk
Fly free
And
If
When
You want
Come back...
Uma mansão vitoriana
Uma mansão vitoriana
A uma escala não humana
Com as dimensões de uma catedral
Cada divisão uma nave
Esmagadoramente ampla
Esparsamente mobilada
E a mobília também a uma escala errada
Demasiado pequena
Mobília de uma escola
Para crianças ou anões
Também as paredes estão pobremente decoradas
Um quadro aqui, um quadro ali,
E a uma altura desconfortável
O pescoço dói
Se os tentarmos observar.
Mas tanto os quadros como a mobília
Estão cobertos por panos
Que de brancos que já foram
São agora de um cinzento bafiento
Com o tempo que passou
E os quadros e a mobília
E o chão das divisões e dos corredores
E até as paredes
Estão cobertos por camadas geológicas de pó
Verdadeiros depósitos sedimentares
Uma figura vagueia sem rumo
Absorvida em coisa nenhuma
Os seus passos que ressoam cavos
Despoletam ecos que reverberam e se ampliam e se multiplicam
Dando a ilusão de multidões que deambulam
A casa está assombrada
Mas não por um fantasma localizado
Antes por uma presença difusa mas omnipresente
Tão prevalente como
O próprio ar que se respira
Um fantasma que exerce pressão sobre a pele
Que penetra pelos poros desta até à carne e aos ossos
Que penetra pelas vias respiratórias e que afoga
E que circula com o sangue e que infiltra todo o ser
Até que a nossa substância se dilui na dele
É o fantasma de um grande amor
Um amor não correspondido, nem sequer reconhecido
Alguém que nem sequer sabia
Que quem o amava sequer existia
Ou pelo menos não o admitia
Uma presença avassaladora
Opressiva e invasiva
Que nos preenche com o seu desdém.
Alguém que nos enche
Com o quanto não quer saber de nós.
Selva tropical
Arvore altas, arvores médias, arvores baixas,
Copa,
Lianas e trepadeiras,
Plantas rasteiras,
Cortina impenetrável de vegetação
Impossível de atravessar.
Camadas e camadas de folhas
Imbricadas como telhas de um telhado
Impedem a luz de passar
Sombra crepuscular omnidireccional
Que os padrões reticulados de luz
De um verde doentio
Só servem para acentuar o efeito deprimente.
Calor e humidade avassaladoramente abafadores,
Dando a impressão que vão cozer a carne em vapor.
Deserto.
Paisagem ondulada, opressiva na sua monotonia,
De dunas rolantes mas fixas
Que se estendem até ao horizonte
Nem uma rocha nem um sinal de vida
Quebra a monotonia do olhar.
Calor seco
Que parece assar a pele
Seco,
Que suga a humidade através dos poros da pele
Até que o próprio sangue coagula nas veias
As células mirram
O corpo mumifica.
Slurry of slush
Slurry of slush
Spring meltdown
On the glacial front
Flurries of rivulets
Disgorge themselves
On the adjoining valley
Slurries of slush
Crazily flowing
Icy water
Carrying in suspension
Ice particles
In all shapes and sizes
Like cells in serum
Flowing in blood vessels
Except cold
Icily, freezing, cold
It also carries
Stone and rock particles
Coarse sediments
Of all shapes and sizes
Water too fast, too powerful
For them to settle down yet
The pervasive cold
Oppresses you from outside
Insinuates inside
And freezes you thoroughly
Both from the outside and within
Until you become frozen
First solid, then brittle
An icicle
In spring meltdown
Then the water
Flowing around you
And all the particles in suspension
Abrade you like sandpaper
Eat at you
Bit by bit
Until you disintegrate completely
Into your elemental particles
That are carried away by the stream
In a slurry of slush
Inverno na Antárctida.
Planície infindável, infindavelmente plana, desprovida de qualquer relevo
De gelo e neve de espessura e textura monotonamente constante.
Noite constante
Dias e dias em que não há dia,
Em que o sol nunca se levanta,
Escuridão permanente, sem apelo nem agravo,
Frio opressivo, insidioso, avassalador,
Inimigo da vida,
Oprime a pele,
Insinuasse nos músculos e até à medula dos ossos,
Congela o sangue nas artérias e nas veias,
Cristaliza a agua nas células,
Cristais de gelo que dilaceram as células.
Idade glaciar
Primeiro veio o frio
Esmagador
Paralisante
Frio suficiente
Para tudo congelar
Inimigo da vida
Depois veio o glaciar
Uma massa gargântua de gelo
Imparável
Como uma lixa
Removeu
Todos os traços de vida da paisagem
Poder de abrasão tal
Que até a geografia alterou
Roeu montanhas
Preencheu vales
Até que nada ficou
Que uma massa
Gargântua e uniforme
De gelo
Depois
O gelo recuou
E ficou a sua ausência
Omnipresente na paisagem
Paisagem vastamente simplificada
Montanhas polidas
E reduzidas a cotos
Vales preenchidos
Com moreias de pedra
Terra nua
Que as pedras dispersas
Só acentuam a nudez
Desprovida de vida
E ainda
O frio
Opressivo
Insinuante
Tirânico